Uma Reescrita: Por onde andam as pessoas interessantes?

20 de fevereiro de 2016

Por onde andam as pessoas interessantes? | Resenha

Por onde andam as pessoas interessantes? - Daniel Bovolento

“Outro dia perguntei pra um amigo se ele sentia que as pessoas interessantes tinham sumido e ele disse que sim”.

É muita identificação resumida numa citação. Por onde andam as pessoas interessantes? é uma pergunta regular na minha mente e em conversas entre alguns amigos (os poucos interessantes que conheço), então logo fiquei curiosa pelo conteúdo do livro.

Quando bati o olho, ainda pela internet mesmo, rolou aquele estranhamento inicial, mas a curiosidade venceu qualquer dúvida, ainda mais quando o folheei pela primeira vez.

Talvez seja interpretado mal eu aqui, admitindo que a edição teve bastante influência sobre mim, mas os detalhes nesse caso fizeram toda a diferença. Eu estava com a Jen numa livraria da minha cidade e nós ficamos imersas por um tempo olhando as frases que abriam cada crônica, as músicas, e até as recomendações de versões que foram feitas.

Foi a partir daí que me senti acolhida. ♥

Camelo! ♥

Pelas músicas e versões que eu conhecia ~~e cantarolava~~ e pelas que eu não conhecia também, mas que tinham uma letra significativa.

Eu adoro coisas significativas. Não perco a chance de fazer referências simbólicas e músicas, definitivamente, são ótimas formas de caracterizar um momento, uma pessoa, uma viagem... e por que não crônicas?

Em seus curtos registros, o autor discorre sob uma perspectiva jovem, mas madura, sobre o amor e as dificuldades de encontrá-lo nessa sociedade líquida e efêmera em que vivemos hoje, o que eu, inicialmente, estava gostando bastante.

Quando ele estabelece um diálogo, ainda que imaginário, com o leitor, suas crônicas fluem infinitamente melhor. As que eu mais gostei, pelo menos, me pareceram ser as desse tipo.

♥ ♥ ♥ ♥ Mumford ♥ ♥ ♥ ♥

(só um coração não basta)

Na grande maioria, porém, ele considera amores passados, conta histórias e escreve declarações, assumindo um estado mais nostálgico que não correspondeu às minhas expectativas.

Também senti falta de uma abordagem mais ampla sobre o tal sumiço das pessoas interessantes, de forma que ele discorresse não apenas sob o ponto de vista romântico, porque acho que esse é um assunto que permeia tantos aspectos das nossas vidas, não é? Como a família e amizades.

"Que a gente saia da rotina e se encante com algumas aventuras de vez em quando" ♥

Ainda assim, minha opinião geral sobre o livro foi positiva e considero a leitura válida para quem curte crônicas e se identificou com o questionamento proposto pelo Daniel Bovolento. Ele consegue gerar um sentimento de acolhimento em alguns momentos e um bocadinho de esperança de que, nesse mundo passageiro, algumas pessoas vão chegar para ficar, sim.

(Completamente amo esses bonequinhos estranhos e adoráveis! Me julguem.)

Aposto que os amantes do folk, indie, rock e MPB se empolgaram com alguns dos trechos expostos aqui, que por acaso foram alguns dos meus preferidos, e o mais legal é que eles não estão apenas no começo de cada crônica, mas durante a escrita de algumas propriamente, já que o autor faz algumas referências diretas.

Apenas ignorem o fato de que essas músicas tendem a ser um pouco mais depressivas. São as melhores, não tem jeito.

O Daniel escreve no blog Entre Todas as Coisas. Lá, ele publicou a crônica que abre esse livro. Caso queiram dar uma olhadinha, é só clicar aqui. Adorei conhecer sua escrita. Mais um brasileiríssimo para acompanhar. ♥