15 de junho de 2016
O amor nos tempos do ouro

A Marina Carvalho já é uma escritora consideravelmente conhecida - na minha estante e na literatura nacional. De sua autoria, já li Simplesmente Ana e Azul da Cor do Mar, sendo o segundo um dos meus nacionais favoritos, sem a menor dúvida.
O amor nos tempos do ouro, no entanto, é bem diferente desses livros anteriores da autora que eu li. É um romance histórico que se passa na época colonial e conta a história da Cécile Lavigne, uma franco-portuguesa que acabou de perder toda a família em um naufrágio e está sendo enviada para a Colônia à mando do seu tio Euzébio, que não tem planos muito bons para o futuro da sobrinha.
Sem nenhum direito sobre a sua herança na França e obrigada a casar-se com um conhecido tirano das Minas Gerais, ela não vê esperança no futuro. Logo que chega ao Brasil, é recebida pelo tio no Rio de Janeiro e imediatamente enviada para o noivo, que contratou o explorador Fernão para acompanhá-la na travessia do Caminho Novo até Vila Rica, em Minas.
O tempo em que ficam na companhia um do outro dá uma base para o desenrolar restante do livro. A parte histórica é extremamente rica e essa foi uma das partes que eu mais curti, é perceptível o cuidado da Marina com a pesquisa em torno da época retratada. A escravidão divide o protagonismo junto com a Cécile e o Fernão, a autora não fez questão de amenizar ou minimizar o assunto.
Isso tudo passa confiança durante a leitura e ela flui extremamente bem. A narração é dividida entre a terceira e a primeira pessoa, sendo a maior parte na terceira. A primeira pessoa é justificada ao nos dar acesso aos pensamentos que Cécile coloca em seu diário, e confesso que sempre ficava ansiosa para esses capítulos e os considerava os mais legais, sem falar que agregou na percepção geral da história.

Por termos uma proximidade maior com nossa personagem feminina, através dos fragmentos do diário, talvez eu tenha tido a impressão de que a evolução dos sentimentos dela no romance foi mais verossímil que a do Fernão. Foi algo bem pessoal, porque eu estava extremamente imersa na personalidade da Cécile e em todas as partes da história me via analisando suas atitudes - as quais não me decepcionaram em nenhum momento - mas isso não quer dizer que Fernão seja um personagem raso.
Cécile é uma protagonista fantástica que possui as características de uma verdadeira heroína e o fato do livro ser muito mais do que o clichê mocinho-salva-mocinha é demais! Especialmente se levarmos em conta o ano em que se passa a história (1735). A conexão entre os dois é muito amorzinho e o romance como um todo encaixou. Aliás, se teve algo que a Marina soube criar aqui, foram os personagens. Akin, Malikah e Hasan conquistam facilmente e tenho certeza que todos que lerem a história vão amar odiar o detestável Euclides de Andrade.
Um dos diferencias de O amor nos tempos do ouro é ser um romance histórico nacional que nos permite entrar em contato com a nossa história de uma forma relativamente leve. Não é comum esse tipo de abordagem na literatura nacional e com certeza foi algo que me deixou feliz e animada para a leitura.

A edição do livro é maravilhosa e muito (ênfase no muito) caprichada, como tentei mostrar nas fotos. Eu amei! A única ressalva que tive foi com relação ao glossário, que fica no final do livro e não espalhado em notinhas de rodapé. Ter que ir lá no fim checar o significado de algumas expressões em francês e/ou iorubá foi um inconveniente que poderia ser evitado, quebrou o ritmo e cheguei a desistir de olhar em alguns momentos, para não ter que parar a leitura novamente. Fora isso, é tudo impecável e eu poderia ficar olhando essa capa para sempre.♡

O tempo em que ficam na companhia um do outro dá uma base para o desenrolar restante do livro. A parte histórica é extremamente rica e essa foi uma das partes que eu mais curti, é perceptível o cuidado da Marina com a pesquisa em torno da época retratada. A escravidão divide o protagonismo junto com a Cécile e o Fernão, a autora não fez questão de amenizar ou minimizar o assunto.
Isso tudo passa confiança durante a leitura e ela flui extremamente bem. A narração é dividida entre a terceira e a primeira pessoa, sendo a maior parte na terceira. A primeira pessoa é justificada ao nos dar acesso aos pensamentos que Cécile coloca em seu diário, e confesso que sempre ficava ansiosa para esses capítulos e os considerava os mais legais, sem falar que agregou na percepção geral da história.


Por termos uma proximidade maior com nossa personagem feminina, através dos fragmentos do diário, talvez eu tenha tido a impressão de que a evolução dos sentimentos dela no romance foi mais verossímil que a do Fernão. Foi algo bem pessoal, porque eu estava extremamente imersa na personalidade da Cécile e em todas as partes da história me via analisando suas atitudes - as quais não me decepcionaram em nenhum momento - mas isso não quer dizer que Fernão seja um personagem raso.

Cécile é uma protagonista fantástica que possui as características de uma verdadeira heroína e o fato do livro ser muito mais do que o clichê mocinho-salva-mocinha é demais! Especialmente se levarmos em conta o ano em que se passa a história (1735). A conexão entre os dois é muito amorzinho e o romance como um todo encaixou. Aliás, se teve algo que a Marina soube criar aqui, foram os personagens. Akin, Malikah e Hasan conquistam facilmente e tenho certeza que todos que lerem a história vão amar odiar o detestável Euclides de Andrade.
Um dos diferencias de O amor nos tempos do ouro é ser um romance histórico nacional que nos permite entrar em contato com a nossa história de uma forma relativamente leve. Não é comum esse tipo de abordagem na literatura nacional e com certeza foi algo que me deixou feliz e animada para a leitura.


A edição do livro é maravilhosa e muito (ênfase no muito) caprichada, como tentei mostrar nas fotos. Eu amei! A única ressalva que tive foi com relação ao glossário, que fica no final do livro e não espalhado em notinhas de rodapé. Ter que ir lá no fim checar o significado de algumas expressões em francês e/ou iorubá foi um inconveniente que poderia ser evitado, quebrou o ritmo e cheguei a desistir de olhar em alguns momentos, para não ter que parar a leitura novamente. Fora isso, é tudo impecável e eu poderia ficar olhando essa capa para sempre.♡


O que vocês estão esperando para prestigiar a Marina Carvalho em O amor nos tempos do ouro? :)
*Exemplar e marcador cedidos pela editora
Escrito por: Jennifer Macieira
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Eu ainda não tinha ouvido falar sobre esse livro da Marina mas fiquei morrendo de vontade de ler com a sua resenha. Eu gosto muito de romances históricos e adorei saber que a autora soube construir bem os personagens e ambientar a história no contexto da época. Já li Simplesmente Ana e Azul da Cor do Mar e gostei bastante dos dois então já sei que vou curtir esse também. Dica anotada!
ResponderExcluirAs fotos estão simplesmente maravilhosas, fiquei apaixonada <3
Beijos,
Natália.
Muito obrigada por esse feedback, Natália! Fiquei muito feliz por te introduzir esse livro tão lindo. Romances históricos, quando bem construídos, são a melhor coisa.
ExcluirQue bom que gostou das fotos!! Beijos ♡